Como domar o Corpo, linha a linha,
tal se fosse um poema e, após, salvar-nos
da angústia de sabê-lo não durável?
Como manter o eterno em cada fibra
do Corpo, mar aberto sempre a mãos
suspeitas que não o amam mas o sangram?
Como crucificar-se e morrer nele
- único chão que a dor criou por pouso
de tanto vôo obrigado sobre a terra?
Onde maior vigília sob um teto
terrestre, afora essa vigília que arde
a sua vela sobre o altar vivente?
Como o tempo durar em tais limites
contidos para sempre e sempre frágeis,
de tão frágil e tão rude fortaleza?
Oásis ou deserto, por que clama
por ser tempo de pouso às caravanas
que, desvairadas, correm sob o sangue?
Firmamento de sombras, como o Corpo
será tempo de vôo, quando se fixam
mais profundas, na terra, as suas asas?
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