A mulher sob o véu, que velará,
se o sorriso não mostra, e se a palavra
mais aprofunda a intriga do velado?
Em que bosques se escondem os juramentos
dos lábios que armam doces armadilhas
à luz do que, falando, obscurecem?
Que altares desmoronam sob a prece
dessa que alteando a boca em profecia,
mais mente tendo-a grave que sorrindo?
Não mente por secreta resistência,
a mulher que temendo morto o véu,
aos que tentam rompê-lo alonga-o mais?
Por isso, fio por fio, o véu mais cresce,
e branco, o seu brancor confunde os olhos
que vão subindo nele para as nuvens?
Mas os olhos que mudam se fitados
da mulher sob o véu, que velarão
pelos crivos de um véu que mais se adensa?
Por que, por ser olhada, perturbou-se:
e seu rosto nos foge, além dos crivos
do véu que se desvela às mãos da noite?
Comentários
Comentar